segunda-feira, 15 de abril de 2013

A melhor reivindicação de todos os tempos da última semana...

Deu nas capas dos jornais:

"O Brasil precisa diminuir a maioridade penal".

Mais uma vez, a opinião pública de manobra do país da política prático-imediatista luta por uma causa movida por recentes ocorridos envolvendo a participação de menores de idade. Em um dos casos, um estudante universitário foi morto por um menor que completaria 18 anos três dias após o crime. No outro fato, menores de idade chefiavam uma quadrilha assaltante de restaurantes.

São em semanas como essa que entendemos o tamanho dos problemas que esse país vai ter que enfrentar. Se de um lado temos o problema da violência que atinge todas as camadas da população, embora cause mais comoção quando essa camada está um pouco mais acima na escala social, de outro temos uma população (cansada e sitiada) unida numa busca por um tapa-buraco que é diminuir a idade na qual um jovem pode ser julgado e condenado por um crime. Brasileiro tem memória curta....

Os mesmos que ontem diziam que a justiça não punia os transgressores da lei de uma hora pra outra encontraram nela a solução para o problema do jovem infrator. As perguntas são simples e a conclusão chega a ser infantil:

A justiça brasileira é eficiente na penalização e recuperação dos criminosos?
Não!
Essa justiça vai resolver o problema do jovem infrator?
Também não!

Diminuição da maioridade penal é que se espera de um país onde é mais vantajoso remediar do que prevenir, onde o agora é mais importante porque está na Globo e também por que é mais fácil: "Põe o moleque no xadrez e pronto". E assim, tapando o sol com a peneira de aço que faz ele nascer quadrado é que achamos o remédio para uma geração de perdidos.

Os que concordam comigo costumam defender que casos desses são produto da pobreza e da desigualdade que, historicamente, aflige a população desse país. Porém, o que dizer da maioria dos pobres que não segue o caminho da desonestidade e da violência? O determinismo que não justifica também não pode ser a solução para nossos problemas. 

É preciso entender que a pobreza por si só não é a fábrica de infratores assim como a cadeia não é o descarte final e, muito menos, a reciclagem deles. O país que escolheu o malandro como herói tenta se livrar dele, mas ainda insiste em utilizar seus métodos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A Coréia do Norte, os EUA e a Ásia

Temos acompanhado nas últimas semanas a elevada tensão na península coreana capitaneada pela dinastia Kim norte-coreana cujo porta-voz é o jovem líder Kim Jong Un. Do outro lado vemos uma Coréia do Sul sempre alerta a retórica dos vizinhos do norte e com a fraterna proteção dos Estados Unidos, sempre eles.

O discurso extravagante, excêntrico e belicoso da monarquia da Coréia do Norte sempre foi interpretado com cautela por americanos e sul coreanos, mas sempre levantaram suspeitas em analistas sobre as verdadeiras intenções de um regime que se sustenta através de barganhas que se valorizam proporcionalmente ao tom do discurso agressivo. Na prática, apesar de possuir um dos maiores exércitos do mundo, a liderança coreana do norte sabe que não pode dar um passo em falso simplesmente porque não está páreo para a maior máquina de guerra que o mundo viu e que já está a postos e mobilizada para proteger seus interesses na Ásia. Um conflito iniciado pela pobre, e cada vez mais isolada, dinastia comunista terminaria inevitavelmente com a queda de um dos últimos redutos stalinistas do planeta.

Entretanto, não vou ficar falando de uma guerra que não vai acontecer. Vou falar um pouco de China e Estados Unidos. 

Não é preciso ser um expert em relações internacionais para entender que assistiremos China e EUA lutando pela hegemonia econômica, política e militar nos próximos anos . Ambos os lados entendem que suas  políticas internacionais terão, daqui em diante, que colocar na balança a possibilidade de ferir os interesses do outro gerando uma tensão que economicamente não é vantajosa para nenhum dos dois lados. É a Guerra Fria 2.0 que já está em curso.

Se a Coréia do Sul tem o respaldo zeloso dos americanos, a barra-da-saia-da-mãe da Coréia do Norte é a China. Durante a guerra da Coréia entre 1950-1953 os chineses lutaram ao lado dos aliados comunistas norte coreanos o que permitiu com que a península coreana se mantivesse dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje.

A conclusão que se chega observando o atual cenário é que os Estados Unidos vão reafirmando posições estratégicas ao redor da China, mas com um arsenal nuclear e mais poderoso. É simples especulação, mas que pode se desenrolar em uma grande vantagem estratégica num futuro não tão distante, afinal as saídas chinesas para o Pacífico vão ficando cada vez mais "infestadas" com a Armada do Tio Sam. 

Obviamente não é do interesse chinês um conflito na península coreana e por isso Pequim tem pedido cautela aos seus "protegidos". E aí que entra o outro ponto de especulação na questão que envolve o novo e desconhecido Líder Supremo Kim Jong Un que sofreu alguma influência ocidental durante sua formação e poderia não estar tão atento ou inclinado ao interesse chinês.

Só o futuro dirá se a especulação irá se desdobrar em consequências concretas, mas fato é que os americanos vão ocupando posições no novo eixo de poder econômico, político e militar global.