"O Brasil precisa diminuir a maioridade penal".
Mais uma vez, a opinião pública de manobra do país da política prático-imediatista luta por uma causa movida por recentes ocorridos envolvendo a participação de menores de idade. Em um dos casos, um estudante universitário foi morto por um menor que completaria 18 anos três dias após o crime. No outro fato, menores de idade chefiavam uma quadrilha assaltante de restaurantes.
São em semanas como essa que entendemos o tamanho dos problemas que esse país vai ter que enfrentar. Se de um lado temos o problema da violência que atinge todas as camadas da população, embora cause mais comoção quando essa camada está um pouco mais acima na escala social, de outro temos uma população (cansada e sitiada) unida numa busca por um tapa-buraco que é diminuir a idade na qual um jovem pode ser julgado e condenado por um crime. Brasileiro tem memória curta....
Os mesmos que ontem diziam que a justiça não punia os transgressores da lei de uma hora pra outra encontraram nela a solução para o problema do jovem infrator. As perguntas são simples e a conclusão chega a ser infantil:
A justiça brasileira é eficiente na penalização e recuperação dos criminosos?
Não!
Essa justiça vai resolver o problema do jovem infrator?
Também não!
Diminuição da maioridade penal é que se espera de um país onde é mais vantajoso remediar do que prevenir, onde o agora é mais importante porque está na Globo e também por que é mais fácil: "Põe o moleque no xadrez e pronto". E assim, tapando o sol com a peneira de aço que faz ele nascer quadrado é que achamos o remédio para uma geração de perdidos.
Os que concordam comigo costumam defender que casos desses são produto da pobreza e da desigualdade que, historicamente, aflige a população desse país. Porém, o que dizer da maioria dos pobres que não segue o caminho da desonestidade e da violência? O determinismo que não justifica também não pode ser a solução para nossos problemas.
É preciso entender que a pobreza por si só não é a fábrica de infratores assim como a cadeia não é o descarte final e, muito menos, a reciclagem deles. O país que escolheu o malandro como herói tenta se livrar dele, mas ainda insiste em utilizar seus métodos.