quinta-feira, 27 de junho de 2013

17 de Junho de 2013. Independência do Brasil



"São 0:37 do dia 17 de junho de 2013. Chove forte nesse atípico inverno paulistano que só mantém mesmo a tradição de ar irrespirável durante os períodos mais secos.

Escrevo no escuro do quarto digitando nas minusculas letras de um iphone 3, fruto da estabilidade econômica do Brasil nos último anos que permitiram ao meu pai me presentear com um produto cujo preço excede o salario minimo pago hoje nesse país.

Precisava de alguma forma registrar a excitação que precede fatos históricos marcados para os próximos dias e,  espero, os próximos anos. Manifestações por todo o Brasil devem marcar o fim de uma era política marcada por corrupção e interesses exclusos. 13o, 14o, 15o salários serão fatos exemplares de um Brasil ultrapassado semi-absolutista. Mau gerenciamento de  recursos públicos serão capítulos trágicos dos livros de História. O abuso de autoridade e a impunidade que ironicamente condena somente os mais pobres serão lembranças de uma época triste no país que nasceu alegre! Sim, nós podemos sê-lo sem asteriscos no fim

A ansiedade e inquietação são assombradas também pelo medo de que tudo vire somente mais  "um rio que passou minha vida".


Acredito que ainda carecemos de lideranças com ideais firmes e um plano de longo prazo para o país. e mesmo quando tivermos tudo pronto, chegaremos num ponto em que ocorrerão dissidências que podem colocar tudo a perder.

Espero que hoje seja um dia especial pra todos nós...."

terça-feira, 11 de junho de 2013

20 Centavos que valem a pena


Desde a semana passada, as noites paulistanas têm sido marcadas por protestos contra o aumento da passagem de ônibus de R$3,00 para R$3,20. A Polícia Militar com a gentileza e preparo que lhe são característicos tem feito seu trabalho com louvor: bombas de gás, tiros de borracha na altura da nuca e prisões marcaram todas as manifestações.

A imprensa brasileira em geral gosta mais de dar destaque às pichações e depredações causadas pelos manifestantes, afinal é muito mais conveniente($) fazer VT e tirar foto do que ficou do que levar bala no meio da multidão. O governador Alckmin e o prefeito Haddad esquecem divergências políticas e entoam juntos o discurso de que a ordem deve ser mantida. O azul do PSDB e o vermelho do PT artisticamente colorem de roxo a pele de quem ousa atrapalhar o trânsito da grande metrópole. 

No palco dessa epopeia paulistana, nossa(sic) polícia, nossa(sic) imprensa e nosso(sic) governo estão fazendo seus papeis com a maestria de sempre. E a opinião pública analfabeta funcional e escrava dessa diabólica trindade é posicionada contra esse bando de baderneiros que lutam "só por 0,20 centavos". E num passe de mágica e de demonstração de unidade a Polícia que não protege e amedronta vira a restauradora da ordem, a imprensa vendida e sensacionalista vira a fonte de fatos inegáveis e o governo, bom o governo....quem é mesmo o prefeito...? governador....?

Eu particularmente destaco o argumento contrário que diz: "Esses caras estão lutando por 20 centavos! E a educaçãocorrupção, superfaturamento, e tantas outras mazelas que marcam a administração pública no Brasil? Ninguém vai pra rua por causa disso..".

Não se pode levantar a bandeira de uma luta em detrimento da luta de outros. É leviano fazer tal juízo de valor.

Se você é defensor dessa tese, saiba que certamente alguém foi pra rua e protestou em favor de demandas que você julga mais relevantes para o país. Infelizmente, também é certo que tais protestos não foram devidamente veiculados nos canais daquela imprensa bem intencionada supracitada e mais certo ainda é que você não aderiu às tais nobres causas já que está pedindo pra alguém fazê-lo quando de fato alguém já o fez. Resumindo, você pegou o ônibus andando porque ele não para quando está cheio, pagou absurdos R$3,20, e quis se apoiar na barra de ferro, afinal sabemos que janelinha em ônibus paulistano é promessa quase que celestial. Será que deu pra entender?

É preciso pensar um pouco mais além para enxergar que os protestos lutando por um aumento que por si só já é abusivo, mas sim por uma mudança em um modelo de transporte público que privilegia o transporte individual ao coletivo. Não é uma exclusividade brasileira essa servidão a indústria automobilística, mas a prostração diante de tais absurdos é tipica dessa terra. 

A má qualidade e baixa abrangência do nosso transporte público coletivo são produtos de decisões tomadas por lideranças corruptas (eleitas por um povo sem educação) que transferem dinheiro público para as empresas de ônibus e empreiteiras que oferecem em troca um serviço superfaturado e ruim penalizando a todos. Nenhum dos manifestantes está lutando por 20 centavos, mas sim por anos a frente diferente dos 500 anteriores.