terça-feira, 15 de outubro de 2013

Darwin e Snowden

Os noticiários das últimas semanas deram destaque às denúncias de espionagem por parte de agências de inteligência americana (NSA) realizadas sistematicamente nos fluxos de informações que passam pelo território brasileiro, principalmete oriundos de China e Irã cujas redes de internet têm maiores restrições ao acesso norte-americano. O governo do Brasil declarou preocupação com as denúncias e convocou diplomatas americanos para dar explicações. 

Não sou expert em direito e relações internacionais, mas certamente liberdades individuais foram feridas com operações que parecem ter saído das telas do cinema. Aí que vem a dúvida: Filme de que época?

A espionagem fez e faz parte importante de todas as guerras travadas e/ou ensaiadas entre os povos que viveram ou vivem em conflito nesta bola de água perdida no universo. A diferença é que nos últimos anos conseguimos, ou pelo menos tentamos, forjar um esboço do que queremos ser como sociedade baseando-se em leis e tratados para garantir alguns direitos básicos a todos. Dentre eles está o direito à privacidade. 

A curiosidade é um instinto forte que trazemos no nosso DNA. Ser curioso, saber o próximo passo do predador com antecedência provavelmente significava sobreviver no mundo em que o Homo sapiens surgiu. Esse instinto persiste e influencia o que aceitamos ou não no nosso grupo ou sociedade, ou melhor, o que queremos como sociedade.

O predador de hoje para os americanos é o terrorismo e, por essa razão, parece que não há preocupação entre os americanos com o repudio estrangeiro às práticas de espionagem reveladas uma vez que elas são apenas efeitos colaterais da antecipação do bote do grande predador.

Estas práticas ferem, sem dúvida, direitos fundamentais que deveriam ser respeitados entre nações soberanas. Entretanto, vejo também um despreparo do lado brasileiro na proteção de informações e que está sendo jogado pra cima do nosso predador. Ao invés de causar indigestão, deveríamos tratar de não ser a presa.