quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Viva Mandela!


Não poderia de deixar de registrar a tristeza em saber que Nelson Mandela já não vive entre nós. Falar da história conhecida deste grande líder seria repetitivo demais para quem ler esse texto por isso vou falar o que Mandela simboliza pra mim.

O sorriso largo reforçado por olhos expressivos como o de um oriental. Interessante é que o desenho longilíneo de um olhar que torna um riso mais simpático também é o mesmo que transmite a dor de uma trajetória sofrida de luta pela dignidade do homem perante o homem. Mandela que lutou pela igualdade era diferente...

O mundo perdeu um sorriso que venceu o sofrimento e a injustiça.



Poços dos Fundos

Costumo dizer que sou da geração dos "filhos da democracia". Nasci em 1987 num país com presidente civil e tive garantido a partir dos 16 anos o direito constitucional de votar. Votei em quase o mesmo número de eleições que a meus pais e, talvez, o mesmo tanto de vezes que a minha avó.

Acho que um dos melhores produtos dessa geração é o humor livre, sem censura. É verdade que grandes humoristas surgiram em períodos não tão democráticos. As temáticas, porém, acabavam ficando limitadas e a "alma do riso" ficava no gesto, na situação e menos na ironia e na crítica direta a alguém ou a alguma situação. Os saudosistas que me perdõem, mas o humor era mais burro, mais Zorra Total.

Se os anos pré-democráticas foram marcadas por personagens "tipo" como os de Chico Anysio, Jô Soares e Trapalhões o humor desta década é o chamado "humor cara limpa". O personagem (quando existe) é uma pessoa comum descrevendo uma situação cotidiana em que "alma do riso" está na maneira como a situação é conduzida pelo protagonista ou então reside no fato de a audiência ter passado por situação complicada semelhante e "sobrevivido" à ela. É a velha máxima do "depois a gente vai rir disso tudo" coletivo.

Acho até possível traçar uma linha do tempo do humor que eu assisti que começa:

Trapalhões: Personagens tipo, humor quase circense.
Praça é nossa: Personagens tipo, humor teatral com pouco conteúdo.
Chaves: Personagens tipo, humor circense, as ironias voltam a aparecer
Casseta e Planeta: Personagens paródia (FHC, Lula, Dilma, Ronaldo), humor teatral e crítico, fortemente irônico.
Internet: Surge o humor digital com montagens, vídeos virais. O cotidiano coletivo começa a entreter.
Pânico/CQC: Humor fortemente crítico e irônico com formato jornalístico político ou de celebridades.
Stand Up: Sem personagens, "cara limpa", cotidiano coletivo impera.

Daqui pra frente vou falar sobre o que motivou esse texto que é o "Porta dos Fundos". Os criadores desse canal conseguiram unir o que classifiquei acima como humor Internet com o humor Stand Up e criaram uma nova maneira de fazer rir. Os vídeos que batem recorde de visualizações são criativas demonstrações de um humor que emprega o cotidiano coletivo para fazer rir e também para criticar. Muita gente fazia o que o Porta dos Fundos faz, mas a qualidade e roteiro fazem dos curtos vídeos uma obra prima do humor.

Assim como os antecessores, em algum momento a piada perde a graça. De alguma forma, a novidade faz parte da piada e um dia, o Porta dos Fundos vai virar uma Zorra Total. Quando? Não sei, mas isso acontecerá inevitavelmente. Engraçado isso né?