quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Dedaleiro

O dedaleiro é uma árvore de médio porte típica do Cerrado. Com flores brancas exuberantes bem poderiam estar por aí enfeitando alguma alameda do paulistano bairro dos Jardins. A verdade é que não reconheceria um dedaleiro sem a ajuda de um bom botânico.

Porém, foi no periférico bairro do Rio Pequeno que o dedaleiro se fez presente. Não com uma aconchegante sombra, mas batizando uma rua de gente normal e trabalhadora que gosta da vida pacata de classe média.

Da mesma forma que não reconheceria a árvore se a visse por acaso, hoje não reconheço a rua em que moro há mais de 15 anos. Morar na Rua Dedaleiro não foi nem de longe o que fora outrora.



O romance termina aqui. 
Começa a reportagem


Delinquentes pilotando perigosamente suas motocicletas decidiram que a Rua Dedaleiro seria sua pista de exibição e ostentação frente ao poder público e a sociedade.



Os finais de semana na antes tranquila Vila Dalva viraram um inferno. Os dias de descanso daqueles que verdadeiramente trabalham e respeitam o próximo foram preenchidos com estampidos de escapamentos de motos sem identificação, pilotadas muitas vezes por menores de idade. Capacete não faz parte dos artigos obrigatórios porque sua ausência transmite uma clara mensagem às testemunhas: Estamos acima da lei e de todos.
Qualquer tentativa de acionar o poder público com objetivo de restabelecer à calma foi premiada com o descaso de autoridades que insistem em despejar seus santinhos nos nossos quintais nesta época. Ligações para o 190 terminavam em linhas caindo ou promessas de viaturas que em pouquíssimas ocasiões vieram de fato com a inteligência e o contingente necessários para resolver um problema que não se preocupa em se esconder, aparece aos olhos de todos, todos os dias.

Alguns moradores, mais sensíveis à barbárie, se mobilizaram e, por conta própria, utilizaram como arma o próprio calvário. 
Depois de algumas tentativas frustradas pelos burocráticos meios legais, lombadas clandestinas foram construídas e pintadas na antes alegre e viva Rua Dedaleiro. Calejados pela ausência e morosidade da autoridade pública que não se impõe frente aos problemas que agridem o cidadão, os próprios moradores, em iniciativa própria, resolveram o problema de maneira providencial. A paz foi restabelecida.
Pelo menos assim estava até hoje. 
A rua que ainda carrega desatualizadas pinturas da Copa 2002 foi visitada pelo antes ausente poder público. E para surpresa daqueles que buscaram dias de mais tranquilidade, ele veio com uma eficiência germânica para remover os quebra-molas erguidos pela iniciativa popular.
Obrigado Sr. Sub-prefeito!
Obrigado Sr. Prefeito!
Obrigado Sr. Governador!

Sem vocês nada disso teria sido possível. 
Entrarei em contato nos próximos dias, espero que já estejam me aguardando.


PS.: Os tais motoqueiros já voltaram e se aproveitam do bom trabalho do nosso governo...