segunda-feira, 30 de julho de 2018

Muros de cartas


Imaginem que certo dia um vizinho excêntrico propusesse construir um muro de cartas empilhadas entre os vossos  hipotéticos sítios. Claro que a oferta viria com a promessa de que você não gastaria um tostão dos seus preciosos tempo e dinheiro.

Adicionem o fato de que esse mesmo vizinho tivesse, digamos, animais de estimação soltos pelo quintal. Vários animaizinhos...

Uns calmos e inofensivos, outros mais agitados e ariscos.

A nova estrutura certamente ficaria bonita e faria a vida dos tais bichinhos mais agradável e verde uma vez que no seu lado do muro haveria uma bela área verde com um grande lago.

A única contrapartida por tamanha benfeitoria seria a manutenção dessa grande melhoria.

O problema é que ficou muito claro que o vizinho tinha uma afeição especial pelos seus  porquinhos. Em ultima análise, eles teriam sido a razão de tal obra já que o chiqueiro já não lhes parecia espaçoso o suficiente.

No fundo, o plano do vizinho sempre foi transformar seu lago num chiqueiro maior em nome da fauna toda.

E assim com a ajuda dos queridos e desastrados porquinhos esse muro se tornaria uma grande dor de cabeça pra você. Até o ponto em que desistir torna-se-ia a melhor solução. Assim um chiqueiro maior nasceria e os porcos estariam mais felizes.

Hoje, a décima quinta placa de vidro foi quebrada entre a raia da USP e a marginal. No fim eu penso que o único objetivo dessa obra será o de aumentar a marginal em uma faixa. Assim os porcos poderão chafurdar mais felizes às custas do vizinho ingênuo que você foi...









terça-feira, 5 de junho de 2018

Camisa 10

Atenção o texto que vem a seguir está repleto de bordões, clichês e patriotismo oportunista. Se o futebol do Brasil não é do seu interesse ou te irrita de alguma maneira, fique a vontade para ler e constatar que ele realmente deve ser tudo o que você abomina. O objetivo não é mudar a opinião de quem nunca gostou, mas de resgatar aqueles que, como eu, não conseguem deixar de amar esse esporte e sentem-se de alguma maneira censurados ultimamente.

De 2014 pra cá não foi muito tranquilo viver no Brasil entre coxinhas e mortadelas. Claro que não pelo sentido gastronômico, mas pelo peso político pejorativo que as iguarias ganharam nesses últimos 4 longos anos. E como não poderia ser diferente na “pátria de chuteiras”, o nível de acirramento e nervos à flor da pele fez com que alguns analistas alertassem que a complexidade do debate não deveria resumir-se a um Fla-Flu, o mítico clássico carioca. 


Ainda em 2014, os denominados “mortadelas” elegeram, por margem estreita, um governo de esquerda. Na verdade, esse governo dito de esquerda parecia mais aquele ponta de lança destro colocado na esquerda pra “chutar pra dentro”. A gente acha graça no começo, mas no fundo sabe que não dá certo por muito tempo...E tinha outro problema. O juizão deixou o time todo desse governo amarelado, inclusive o capitão.


 Os ditos “coxinhas” foram então às ruas dois anos depois para pedir a cabeça da presidenta eleita. E a disputa marcada pelas paixões acabou, em algum momento, colocando em campo a nossa camisa Canarinho. É aí que a coisa azedou...


Vestir a verde-amarela virou sinônimo de identificação político-ideológica. E o debate já raso ganhou cores rotulantes pra simplificar absurdos: verde-amarelo pra um lado e vermelho pro outro.

A mudança de governo veio, só que foi como ter trocado um volante por outro querendo virar um jogo duro e desgastante.

O baque da desilusão bateu forte e muita gente trocou o amarelo da camisa pelo rubor nas bochechas. E lá se foi o manto sagrado pro fundo de outras tantas gavetas.


A esquerda cheia de si produziu uma cromática resposta através de um modelo de camisa na cor vermelha. Uma verdadeira viagem de quem, muito provavelmente, não vive e não aprecia o futebol verdadeiramente e viu no ataque ao símbolo uma forma de propagandear uma ideologia e não a paixão pela nossa seleção. Alguns estamparam a sigla da extinta CBD (Confederação Brasileira de Desporto) numa tentativa de distanciar-se da notoriamente corrupta CBF ( Confederação Brasileira de Futebol). A “catolississima” Cruz de Malta parece ter sido mantida em vários dos modelos ironicamente chamados de “versões comunistas”.


A consequência de indevidas apropriações é que não se veem as mobilizações pela busca nem orgulho em vestir a lendária camisa verde-amarela faltando apenas 10 dias pra Copa da Rússia. 


E isso é triste pra um país que carece de alguma unidade para abertura de canais sadios e maduros para outros debates.

Goste ou não, o futebol brasileiro é uma das produções esportiva, cultural e financeira mais bem sucedidas que esse país tem proporcionado para a humanidade e seria uma grande derrota pra nós, como nação, perder o que com custo foi construído.


Assim como "coxinhas" não tinham nada que se apropriar desse símbolo de unidade e orgulho nacional, os "mortadelas" não tem o direito de rotulá-lo de outra forma senão como um dos símbolos de maior orgulho do Brasil. Modificá-lo então parece coisa de gente com intenções duvidosas em relação ao futebol brasileiro.

A camisa verde-amarela da seleção brasileira é patrimônio da humanidade. Maior que toda nossa mesquinhez político-ideologica. Devia ter sido incluída no parágrafo primeiro do artigo 13 da Constituição Federal como símbolo oficial da República. Assim quem sabe não chegaríamos em tal situação.


Por isso termino fazendo um apelo a você amigo ou amiga que viveu tudo isso até aqui:


Vistamos a amarelinha de novo com orgulho e que o único rótulo possível volte a ser o de que amamos o futebol do Brasil e vamos torcer pelo time do Prof. Tite até o final.


 E “Hasta la victoria siempre!”.





PS1.: Analistas que dizem que o debate político no Brasil virou Fla-Flu comentem injustiça com significado e grandeza do clássico mais famoso do Brasil. Por favor, usem outra expressão.

PS2.: A camisa azul tambem é especial e, particularmente esse ano está linda.