terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Django Livre VS A Viagem


O embate que batiza este texto poderia,  respeitando a ordem dos fatores, ser traduzido em "linguagem UFC" da seguinte forma: Anderson Silva VS Mikhael Abe. Para aqueles que viram os dois filmes a comparação é simplesmente descabida, mas na prática ela foi a síntese do meu último fim de semana que começou na sexta-feira no Cinemark do Eldorado com o filme "A Viagem" (Cloud Atlas) e terminou, felizmente, no Domingo com "Django Livre" (Django Unchained).

"A Viagem" começa com confusos pedaços de histórias desconexas que ao longo do tempo parecem se encaixar formando uma linha do tempo em que "pequenos" atos do passado tem algum tipo de consequência no futuro. GENIAL, se não fosse batido. Filmes recentes como "21 Gramas" e "Babel" trouxeram esse enredo ao público e foram bastante elogiados conseguindo alcançar algumas indicações e prêmios. A novidade em A Viagem foi a questão temporal já que, se lida linearmente, a história começa no século XIX e termina num mundo futurístico (sei lá o ano).

Vistas individualmente, as 6 histórias dariam filmes medianos. Talvez uma boa comédia, duas boas ficções, dois bons dramas, um bom suspense... coisa de sessão da tarde ou um dia de chuva nas férias, e mais nada. A conexão das histórias é simples, sem segredo ou reflexão pra quem tem o mínimo das capacidades cognitivas. Há momentos do filme que parece que a conexão com o passado teve que ser plantada ali senão todo o enredo iria por água abaixo. O filme trouxe outro clichê colocando Hugo Weaving (Sr. Smith de "Matrix") como o vilão onipresente de todas as épocas.

A Viagem é piegas e óbvio até na doutrinação espiritual que tenta passar: reencarnações, vidas passadas e coincidências são mostradas o tempo todo, mas, na minha opinião, a cereja do bolo é a história de Sonmi, que poderia se chamar tranquilamente Sonmi Cristo. Uma tentativa de antever como vai ser o cristianismo 3.0. Pior que isso, só a maquiagem mesmo.

Já meu Domingo ainda não terminou. Isso porque um filme como "Django Livre" não é imediato pelo fato de não ser óbvio. Eu mereço uma segunda chance para conseguir explorar todo conteúdo carregado pelas palavras do Sr. King Schultz interpretado de maneira gloriosa por Christoph Waltz (O caçador de Judeus de "Bastardos Inglórios").

Quem vai ver o filme de Tarantino esperando aquele faroeste criativo regado a sangue no mínimo se surpreende com o enredo que traz as sutilezas e incoerências de uma sociedade racista como a do sudeste americano. Já o banho de sangue é certo e engana o espectador de sessão da tarde que se pode ser levado a achar o filme é vazio. O desenrolar desta obra de arte não precisa, efetivamente, ir e vir nas épocas pra ser universal e atemporal mostrando como pequenos atos no passado se desdobram em grandes consequências no futuro (presente).

Concluo de maneira clichê assim como o primeiro filme que descrevi dizendo: "Django Livre" foi a única viagem que fiz nesse fim de semana.



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