Diz-se em algum momento na mitologia grega que o deus Momo, personificação
da ironia e do sarcasmo, fora expulso do Olimpo após zombar de Zeus, Atenas e
Prometeu e suas respectivas invenções: o touro, a casa e o homem. Reza a lenda
que Momo, escolhido para arbitrar a disputa entre os caprichosos deuses teria
dito que o touro não deveria ter os olhos embaixo dos chifres para ver quem
ataca, a casa deveria ter rodas para ser levada com quem se muda e o homem
deveria ter o coração do lado de fora para mostrar sua essência sem escondê-la.
Momo, porém, voltaria ao Olimpo para aconselhar Zeus na resolução
do problema de superpopulação da Terra. E assim seguindo seu nefasto ou irônico
conselho, o maior dos deuses fomentou um conflito entre os homens que se tornou
conhecido como a Guerra de Tróia.
Todos os dias percebo que os deuses da mitologia Tupiniquim contemporânea ficam, no devaneio das suas disputas, enfurecidos com Momo que é equivocadamente rotulado de branco, preto, vermelho, azul, coxinha, intolerante,
machista, homofóbico, comunista, capitalista, etc etc quando na verdade ele é apenas a sarcástica e por vezes ignóbil e ignorável ironia.
A fúria é tamanha que mais dia ou menos dia expulsaremos Momo daqui achando que a disputa estará resolvida, mas e quando
ele voltar?
"Momo criticando o trabalho dos deuses" de Maarten van Heemskerck, 1561, Gemäldegalerie, Berlin |
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