domingo, 11 de março de 2012

Mobilidade Urbana em São Paulo



Como um típico morador de classe média da periferia de São Paulo meu principal meio de transporte é o carro. E como típico motorista, eu perco no mínimo duas horas do meu dia para me locomover de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Duas preciosas horas que poderiam ser aproveitadas para o meu lazer ou então para o meu aperfeiçoamento pessoal ou profissional através de outras atividades. Antes que me venham com o argumento falacioso de que duas horas não são nada para quem perde quatro ou mais eu já adianto: todos temos o direito de buscar uma vida melhor e reivindicar melhorias nas nossas vidas por mais que elas sejam melhores que a de outras pessoas.

Eu moro entre 13 e 16 km do trabalho. Uma distância relativamente curta numa cidade do tamanho de São Paulo e organizada da forma que é, onde as pessoas são obrigadas a se deslocar por 30 ou até 50 km por dia para chegarem aos centros comerciais onde há empregos. Tal distância é percorrida em cerca de 40 minutos na ida e 1h 20 na volta que somadas dão impressionantes duas horas de carro. Isso me incomoda profundamente.

Existem linhas de ônibus que me levariam de muito perto de casa para muito perto do trabalho. Nesse ponto não há do que reclamar, as linhas existem. O que não existe é organização e respeito à população que utiliza por necessidade esse meio de transporte.

Pra não ficar descrevendo muito: os ônibus não respeitam horários, estão cheios sempre, os veículos são precários, as pessoas não se respeitam lá dentro, o ambiente é sujo e sufocante nos dias quentes. A última vez que eu tive que pegar um ônibus foi a 6 anos atrás e situação parece que mudou muito pouco e me faz rejeitar qualquer mudança na minha rotina que vise adotar o trasporte coletivo para os meus deslocamentos.

Metrô então nem pensar. Rio Pequeno, Osasco e região não tem importância suficiente para trazer uma estação até aqui...resumindo, é muita "gente diferenciada". O alcance do metrô de São Paulo é uma piada  e  me irrita assistir os políticos se gabando das novas estações como se elas fossem um grande avanço quando na verdade são uma tentativa pífia de correr atrás de um século de atraso.

E por fim, vem a questão que me fez escrever esse post. A moda agora são as bicicletas. Elas são simpáticas ao público porque são associadas a um estilo de vida saudável e a cidadãos que cansaram de perder horas no trânsito. Seria legal mesmo se não fosse trágico. Houve um aumento no número de ciclistas em São Paulo e há quem diga que o número de acidentes envolvendo eles caiu(Reportagem da Globo) porque os motoristas estão se adaptando à presença deles entre os carros. Porém semana passada uma ciclista morreu na Avenida Paulista mostrando a precariedade da infraestrutura para receber os ciclistas que são obrigados a circular entre os ônibus guiados por motoristas que não respeitam nem quem está dentro do coletivo e muito menos quem está do lado de fora. Assim, um absurdo começa a ganhar força: nossa segunda opção de transporte parece ser a bicicleta!!!E assim como as motocicletas invadiram o espaço entre os carros e se tornaram numa fábrica de jovens mortos e mutilados, as bicicletas começam a ganhar força nas estatísticas. E como no primeiro caso, o lobby das fabricantes tenderá a crescer até que não haja mais como voltar atrás e regularizar a situação de modo a minimizar mortos e feridos.

Ao que parece o governo não está disposto a gastar seu suado (sic) dinheirinho em investimentos tanto nos transportes coletivos como em infraestrutura para transportes alternativos como a bicicleta. E uma medida dessas tapa buraco foi a recente restrição de circulação de caminhões nas marginais nos horários de pico. O motorista burro pensa: "Que legal, peguei menos trânsito hoje. Viva o prefeito!! Fodam-se os caminhões". Já o motorista inteligente deveria pensar: " Mais uma vez o governo preferiu remediar do que prevenir, e mais uma vez eu que vou pagar a conta de anos de descaso!". E a conta já veio através de uma paralisação dos caminhoneiros que abastecem os postos de combustível da cidade. Com paralisação ou sem ela, fato é que abastecer a cidade ficará mais caro, logo a tendência é que São Paulo se torne uma cidade cada vez mais cara para se viver. Palmas para o nosso líderes!!





2 comentários:

  1. Como sempre, apesar de eu admirar muito suas opiniões, nós temos opiniões contrarias aqui (nao 100% mas um pouco). Não acho que a culpa do transito seja realmente do governo, tanto que países como China e EUA investem no transporte publico, tecnologias para este, e ainda assim sofrem como nós. Estou no tablet, então termino meu comentário depois rs.

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  2. Quanto às bicicletas, o governo precisa de mais inciativas. A ciclovia não é suficiente já que é paralela a marginal e saindo dela até o trabalho ainda há trânsito e desrespeito ao ciclista. Além disso, eu já andei muito de bicicleta e andar do lado daqueles ônibus com aquela fumaça na sua cara é triste, mais rinite, sinusite e asma para todos!
    Eu não iria de bicicleta ao trabalho devido a certos problemas de saúde. No entanto, se eu não os tivesse, não sei se teria coragem de sair de casa com relógio, óculos e roupas de marca, tablets e smartphones, afinal no Brasil ainda temos o problema da segurança.
    Falta segurança em São Paulo. Segurança para os que querem caminhar ao trabalho, ou ir de bicicleta, ou pegar um ônibus e caminhar parte do caminho, qualquer coisa do tipo. Com segurança, faltará "apenas" a conscientização das pessoas, coisa que não existe. Criamos certas necessidades que não existem. Uma delas foi provada a pouco tempo com a proibição das sacolas plásticas que causou barulho sendo que é algo fácil de se conviver. Imagina se as pessoas viveriam sem carro. Pense em quantas pessoas mal pagam suas contas e têm carros muitas vezes até novos. Nós criamos a necessidade de carro. Mesmo que ocorressem as reformas no transporte público, muitas pessoas não deixariam de usar os carros. Temos duas funções então, lutar para que o governo faça algo e lutar para que NÓS façamos algo depois.

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