quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Violência, A Sociedade e a USP

Na noite de quarta-feira, 18/05, o estudante da FEA-USP, Felipe Ramos de Paiva, foi baleado e morto dentro do campus da Cidade Universitária. A notícia é curta e direta, a situação é corriqueira e a vítima é jovem com futuro promissor. Se você der uma Googleada, você verá que esse caso é só mais um nas estatísticas de violência na nossa cidade. A diferença é que o crime ocorreu no mais importante e conceituado centro de excelência acadêmica de um país conhecido como Brasil.
Até quando?

A USP nasceu com o intuito de retomar o poder, perdido na Revolução de 1932, para São Paulo. Entretanto, essa retomada não seria mais através da força senão pela ciência. Daí surgiu o lema da universidade: Scientia vinces (Pela ciência vencerás).


Mais do que nunca, o lema que motivou o nascimento dessa instituição deve guiar as ações que deverão ser tomadas para vencer o novo obstáculo da sociedade paulista e brasileira, a violência.

Muitos estudantes, e até pouco tempo me incluia nesse grupo, acreditam que a Polícia Militar deve ampliar sua presença no campus da USP inibindo a atuação de criminosos. Mas será mesmo essa a solução? Essa medida vai contra a idéia de que "venceremos pela ciência" em dois aspectos. O primeiro é muito óbvio: A violência está em toda parte e a força não tem sido nem um pouco eficiente no seu combate visto que a Polícia está por aí e nem por isso os crimes deixaram de acontecer. Portanto, pelas armas estamos sendo derrotados. O segundo: estamos rodeados de especialistas (os melhores) dos diversos campos de estudo do comportamento humano, cientistas sociais, psicólogos e educadores. É um absurdo tomar qualquer medida sem antes consultá-los de maneira que chegaremos a conclusão de que exigir simplesmente a presença da Polícia no campus não vai resultar em nada. Talvez a violência no campus diminua, mas e fora dele? A USP é financiada pela população do estado que merece tanta proteção quanto nós uspeanos.

A solução para conter a violência passa, ironicamente, pela comunidade universitária, porém nós mesmos ainda não percebemos isso.

5 comentários:

  1. Colega,
    Posso não ter entendido muito bem, mas você deve estar confundindo alhos com bugalhos.
    Em primeiro lugar, como cientista, não deveria utilizar um argumento falacioso como: "A Polícia está por aí e nem por isso os crimes deixaram de acontecer". Como assim? Quem disse que se não existisse a polícia a situação seria a mesma?
    "Pelas armas estamos sendo derrotados" - O policial é (ok, ao menos idealmente...) uma arma da sociedade democrática, e não da "polícia" ou dos "militares". É óbvio que APENAS pela força ou repressão não se chega a lugar algum, mas ela é SIM uma das vias de regulação da sociedade. Lugar algum do mundo dispensaria policiamento.
    "E fora da USP?" - Concordo com você no ponto em que, realmente, a comunidade universitária tem seu papel na contenção da violência, e essa "extensão", digamos assim, muitas vezes é esquecida. Toda a cidade merece igual proteção. Mas isso não está acontecendo...

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  2. Eu só coloco uma observação de que a segurança da USP precisa ser pensada de forma diferente, assim como de alguns pontos da cidade de São Paulo.
    Digo isso porque a usp em determinados horários e em alguns pontos(mesmo durante o dia) fica completamente vazia. A USP não pode ser tratada como um local qualquer, pois se andarmos em diversos lugares de São Paulo, mesmo que haja perigo, nós não nos sentimos tão ameaçados pois há outras pessoas em volta e nem todo ladrão e assassino é tão cara de pau de fazer essas coisas na frente de todo mundo. É claro que existem os que fazem, mas mesmo assim, com comércios e pessoas em volta, nós nos sentimos menos inseguros.
    Já na USP, se os ladrões começarem a ver que está fácil de cometer crimes lá dentro, não há como evitar e não vai haver testemunhas para identificar os ladrões já que o campus possui diversos pontos vazios, de pouca circulação de pessoas.
    Não sei se a PM é realmente a solução, mas precisamos pensar em algo, pois é como eu disse, o crime às vezes descobre um lugar e se desenvolve lá. Basta ver no nosso dia a dia, quantos bairros têm roubos todos os dias, quantos que não tinham até semana passada(ou mês passado), passaram a ter.

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  3. Poxa André, até você?!

    Já discuti sobre este mesmo assunto com duas pessoas da USP e nas duas cheguei em um mesmo ponto. Qual é a solução para este problema então? Não basta dizer que o modelo adotado esta errado ou que não funciona, quero saber qual o modelo adequado. Podemos tirar a polícia das ruas e ver se isso dará resultado, se a violência diminui, quem sabe assim não possamos perceber se o trabalho deles é válido ou não. A USP, pode ter sido criada para fins científicos, mas não é com teorias que solucionaremos os problemas do mundo. Filósofos de plantão, assim como boas ideias aparecem em diversas conversas de bar, mas e a prática. Você sabe muito bem que com a educação é a mesma coisa, vide as aulas que assistimos, uma coisa no papel, comentada por pessoas (não todas) que vivem dentro de suas salas de estudo, acreditando que aquele modelo é o mais adequado porque segundo "fulano de tal", foi muito bem elaborado. Uma coisa é fato, não podemos deixar que uma "regra" feita na época da ditadura nos deixe em uma terra de ninguém, como está a USP nos dias atuais, quem não deve não tem que ter medo e a polícia não é inimiga, pois há uma inversão de valores por algumas pessoas, pois o bandido é apenas um fruto do sistema e a polícia é a vilã da história...

    Se quiser continuo pessoalmente essa conversa, mas pense a respeito!

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  4. Só para constar, o Marcio direcionou a crítica à quem escreveu o tópico, ou seja, o Mike, eu não.

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  5. Bom pessoal,
    Primeiramente agradeço o interesse de vocês em acessar nosso blog e trazer novas idéias para serem discutidas de maneira sadia.

    Primeiro eu queria esclarecer que NÃO sou contra a existência da Polícia e sua presença no campus da USP. O que eu queria destacar é que parte da comunidade universitária tem caído na armadilha de exigir uma solução prático-imediatista típica do Brasil onde é melhor remediar do que prevenir. Afinal, eu entendo que encher o mundo de policiais é simplesmente remediar.

    Segundo, a ciência é teoria e prática, juntas. Essa visão de teoria longe da prática é, na minha opinião, medieval e simplista no sentido de que ela não está mais confinada nos muros das academias. Portanto ela pode sim resolver os problemas do mundo de maneira que ela é a geradora dos sistemas que criam e suprimem a violência!!!

    Por último, realmente existe sim inversão de valores que se refletem na imagem que os policiais têm, principalmente na USP onde as "viúvas da ditadura" se manifestam com frequência contra a PM.

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