terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O vilão da vez, as sacolinhas plásticas


A partir de amanhã, os supermercados em todo Estado de São Paulo não fornecerão mais sacolinhas plásticas nos seus caixas.

Os fins da medida são muito nobres à primeira vista. Entretanto ainda permanecem dúvidas da minha parte e que espero que alguém as esclareça.

Extinguir as sacolas plásticas não significará o fim delas, mas sim a transferência do problema de um nível para outro. Basicamente, os destinos da imensa maioria das sacolinhas plásticas são as lixeiras pequenas dos lares brasileiros e a extinção das mesmas só dificultará o que no fim das contas vai acontecer: as sacolinhas plásticas vão poluir nosso meio ambiente. Acho importante ressaltar que essa dificuldade no acesso às sacolinhas já faria ela valer muito a pena e de certa forma obriga a população a buscar um novo gerenciamento dos materiais. Entretanto, qual o impacto de uma política desse tipo que não vem acompanhada de ações efetivas das autoridades com relação à políticas de uso racional de recursos e gerenciamento de resíduos. Segundo alguns sites de ONGs e reportagens, o Brasil recicla pouco menos de 10% das 150 mil Toneladas de lixo que produz todo dia sendo que cerca de 1% do volume desse lixo é de sacolinhas plásticas (41milhões). Por conta do baixo valor das mesmas para reciclagem elas acabam entupindo os aterros e lixões do país. 

Portanto, o estado está tentando implantar uma medida que talvez afete 1% do volume do lixo produzido. É muito pouco. Entretando, há um ponto chave na questão: isso não vai custar nada pro governo. E vem com um bônus, o governo sai com fama de sustentável, preocupado com o meio ambiente e as futuras gerações. Por isso, se por um lado existe nobreza e consciência ambiental, por outro existe muita politicagem e falso ambientalismo só "pra ambientalista ver".

Há ainda um ponto muito levantado pelas pessoas que conheço com relação ao ônus do fim das sacolinhas. As redes de supermercado gostam de promover a falsa idéia de que as sacolas são uma cortesia do estabelecimento, mas já é bem sabido que o preço dessa "cortesia" é o consumidor quem paga. Assim como está claro que sacolinha não é cortesia, está claro também que não haverão descontos no dia em que teremos que levar nossas sacolas retornáveis, caixas de papelão ou o que seja. Além disso, existe a Eco-publicidade em que empresas divulgam uma cultura verde quando a realidade é bem diferente (felizmente não é unanimidade).

Quaisquer ações que racionalizem o uso dos recursos naturais são muito bem-vindas e devem prevalecer acima dos consumismos desenfreados e desnecessários que estão presentes na nossa sociedade. Entretanto é preciso ter cuidado para não acreditar que medidas polêmicas e controversas por parte do governo e da iniciativa privada são aquelas que demonstram consciência e preocupação ambiental.











9 comentários:

  1. Concordo com tudo o que você disse. Mas não adianta, a vida é assim, o ser humano é assim, sempre vai ter quem se aproveite da situação, seja político, seja publicitário. É a lei natural do nosso sistema.
    Sendo assim, a lei é válida independentemente de tudo, porque o plástico é um dos materiais menos reciclados do mundo. O brasileiro só toma atitudes quando o bolso afeta. Não funcionou na base da conscientização com relação a sustentabilidade que tem se criado já tem alguns anos, então que funcione na base das leis.
    Os inconformados que busquem novas alternativas, afinal, esta também é a vida.
    Seja esperto, busque alternativas. Não quer dar dinheiro aos supermercados comprando as sacolinhas deles? Compre em outro lugar, use aquelas que você já tinha para a feira, na pior das hipóteses, faça como eu na Austrália, leve na mochila e faça compras pequenas diversas vezes (sim, consome tempo, mas é uma alternativa), ou então leve caixas de papelão.
    Uma vez uma pesquisa (se não me engano apareceu na rede Globo) mostrou que 80% das pessoas estariam dispostas a gastar mais pelo meio ambiente. Cade essas pessoas nessas horas?
    Cuidar do meio ambiente gera gastos. Um bom exemplo são as hidrelétricas, energia barata, mas a que custo?
    Enquanto o meio ambiente se beneficiar dessas medidas, estou do lado delas!

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  2. O problema não está no objetivo alegado, mas nas consequências ocultas. Acho que pensar que a vida é assim, e assim deve ser é muita acomodação, afinal o homem como espécie animal chegou a atual condição através do abandono de antigos hábitos e adoção de novas posturas.

    É realmente complicada essa vontade de contribuir pelo bem do meio ambiente, desde que eu não tenha que pagar. E o problema do fim das sacolas nos lesa nos dois pontos. Primeiro porque contribui pouco para o meio ambiente e segundo porque vai doer no nosso bolso.

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  3. Eu acho que vai contribuir bem. Milhoes de pessoas passam pelos mercados diariamente, vai haver uma grande economia. E acho que nao dói tanto, basta comprar uma ecobag ou utilizar as sacolas de feira que muitos ja utilizavam. É só criar uma nova forma de viver. As pessoas tem que se conscientizar, mas isso deve surgir desde cedo. Já comentei até com o Fernando que está na hora de ter uma materia de Sustentabilidade nas escolas. Teria conteúdo pra tres anos e seria muito mais util que outras. É preciso incentivar o consumo consciente.

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  4. O Brasil, como em alguns outros lugares (mas nao todos) é um país onde as pessoas consomem sem poder consumir. O carro financiado é um exemplo. Pessoas se atolam em dívidas por algo que muitas nao precisam. Usamos carros para ir até a padaria ou qualquer lugar do lado de casa, mesmo em horarios em que nao existe perugo. Agora se proibir o financiamento, aumentar o imposto absurdamente ou algo que acabe com esse consumo exorbitante que acontece, todo mundo vai reclamar e falar que é um absurdo. Com o dinheiro gasto no carro, as pessoas teriam capacidade de pagar algo melhor como educaçao, ou entao ter guardado para emergencias. Sei que falando isso vao achar que é porque eu tive condiçoes de ter um carro sem financiamento e que eu sou burgues etc etc. Mas a verdade é essa, estamos nos prejudicando em todos os sentidos, gastamos muito, destruimos o ambiente para construir o carro, esgotamos os recursos naturais, poluimos utilizando-os e por aí vai. E nao adianta argumebtar que pessoas perderao emprego, que a industria automobilistica vai quebrar, para tudo ha alternativas, sempre aparece alguem que sabe como contornar a situaçao. O carro foi apenas um exemplo, está na hora de mudar. E mantenho minha opiniao, se tiver que ser afetando o bolso, que seja. Antes o bolso que o ambiente!

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  5. Acho que essa questão de sustentabilidade aprendida desde cedo pra ser inserida na sociedade, e já existe a possibilidade disso acontecer. A disciplina de sociologia já é obrigatória e poderia incluir as questões de ecologia e sustentabilidade no sua programação (enquanto isso a Veja anda criticando essas disciplinas: http://seaf-filosofia.blogspot.com/2010/05/revista-veja-contra-filosofia-e.html)
    Só que para nossos pais e avós (a maioria da população)não tiveram essa conscientização desde cedo e a tentativa de correr atrás do prejuízo através de medidas mal esclarecidas como no caso das sacolinhas é um erro.

    Acredito que a uma sociedade bem instruída é capaz de abandonar velhos hábitos através de bons argumentos e menos imposições. É claro que no nosso caso só a segunda opção parece efetiva, mas aqueles que tiveram um pouco mais de recursos como nós, têm a obrigação de lembrar a todos que há maneiras melhores e mais sadias de buscar soluções para os nossos problemas. Acho que TRANSIÇÃO é a palavra que resume essa linha de pensamento.

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  6. Acho que a imposição é válida tendo em vista que se não agirmos de maneira rápida, nosso mundo pode não aguentar. Concordo que seria muito melhor, mais eficiente até e mais "forte" se passassemos pela fase de conscientização... mas é difícil, principalmente em nosso país.
    Acabei de ver um garoto postando coisas sobre essa nova regulação das sacolinhas, reclamando que os preços dos produtos não abaixaram (o que deveria ocorrer já que o preço da sacolinha está embutido). No entanto, o principal do protesto não era "abaixem os preços dos produtos" ou algo do tipo, era "voltem as sacolinhas". Isso mostra a ignorância de um cidadão desses.
    Vi argumentos como "e as garrafas pet", "e os produtos de arroz, feijão, etc, que são vendidos em sacos plásticos". Argumentos banais, tendo em vista que garrafas pet são melhores que as de vidro, do meu ponto de vista, já que o vidro é o material menos reciclado. E não sei se é viável fazer garrafas com outros materiais. O mesmo vale para os alimentos vendidos em plásticos. O armazenamento, mesmo que em plástico, não deixa de ser uma medida sustentável pois evita o desperdício. Não sou o dono da verdade claro, mas estou sempre buscando informações, e pelos argumentos que rolam por aí, dá pra ver que o povo sequer se dá o trabalho de correr atrás das informações para argumentar algo.

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  7. Realmente argumento ruim a favor das sacolinhas tem de monte. A reclamação do preço das sacolas ser embutido nos produto é uma verdade, mas está longe de justificar a volta delas. O argumento das garrafas PET é típica do desinformado. As garrafas PET são logisticamente mais viáveis para a reciclagem porque têm um valor maior já que são feitas de um polímero mais caro que o das sacolinhas. Logo, não adianta querer tratar as sacolinhas como as garrafas PET porque não é a mesma coisa.

    Outra coisa, o vidro é um dos materiais mais reciclados. Além da reciclagem que a gente vê que é a da coleta seletiva e dos catadores, ocorre também a reciclagem que a gente não vê. Basicamente, os grandes indústrias de vidro tem muitas sobras, e quebras. Se o vidro for tranparente, esse vidro volta para a produção (inclusive ajuda no processo). Vidros coloridos que não podem voltar para o processo são reutilizados para outros fins como peças ornamentais como lustres e obras de arte. Por essas possibilidades que o vidro tende a voltar como alternativa para o uso do plástico. Lembrando que a matéria-prima do vidro é areia!!

    Por essas possibilidades de se reciclar os outros materiais que eu acredito que o fim das sacolinhas é, em verdade, coisa pra ambientalista ver. Podíamos, ao invés disso, investir na coleta seletiva desses materiais que têm um impacto imensamente maior do que as sacolas. Porém, eu vejo que para implantar medidas verdadeiramente efetivas são necessárias vontade política e conscientização que andam em falta no Brasil.

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  8. Você está certo quanto ao vidro!!!
    Na minha ansia em contra argumentar algumas pessoas que estavam sendo ofensivas demais em outros fóruns falei besteira. Acredito ter lido essa informação em algum lugar, mas como já busquei confirmá-la agora, está totalmente equivocada.
    Há um video do TED que falava sobre reciclagem, mas não me lembro se era de plástico ou de metais, preciso assistí-lo novamente antes de utilizá-lo em meus argumentos, até para não cometer outra gafe.
    Só quero deixar claro que o impacto do plástico na natureza não pode ser desprezado!
    Como eu disse anteriormente, devemos partir para uma iniciativa que envolva o consumo consciente. O lixo é que deveria ser reduzido antes de tudo!

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  9. A idéia é essa mesmo, reduzir a quantidade de lixo produzida. Só acho que escolheram a porção errada. Haviam opções mais impactantes. E concordo com você que alguns argumentos contra o fim das sacolinhas são horríveis e não adicionam nada ao lado que é a favor das sacolas.

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