segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Censura X Interesses Econômicos

Nas últimas semanas repercutiu na mídia a notícia do afastamento de Rafinha Bastos da bancada do programa CQC. O humorista fora afastado após uma piada de mau-gosto sobre Wanessa Camargo e seu filho(a) com um empresário que está ligado aos patrocinadores da Tv Bandeirantes.


Como vocês podem ver, eu sei pouco sobre o assunto, mas acho que as informações disponíveis são suficientes para concluir que interesses econômicos super-passaram a liberdade de expressão que já vem sendo tão ameaçada neste país. A piada pode realmente ter sido de extremo mau-gosto, porém o Estado democrático disponibiliza mecanismos que garantem o direito da parte ofendida de se defender, responder e/ou ser ressarcida da injúria de maneira adequada. 

Contudo, o que vemos é a perpetuação de um modelo em que existem homens acima do direito fundamental de livre expressão do pensamento (no caso do humor não vejo que aquilo que é expresso seja, efetivamente, a manifestação do pensamento, senão uma situação fictícia criada pelo trabalho criativo do artista).

Assim, em 2011, continuamos censurando artistas por terem tido a ousadia de fazer rir do rico, sem demagogia nem luta de classes barata. O pobre, o bêbado, o judeu, o negro, o gay e a loira podem alimentar a indústria do riso, mas não ria dos ricos porque eles sempre riem por último.



4 comentários:

  1. Nunca tinha pensado por esse lado.
    Ainda estou dividido nessa história. O que você disse aqui faz sentido, porém, se não fosse pelo lado econômico, nunca barrariam Rafinha Bastos, por causa dessa coisa da polêmica trazer audiência.
    É complicado, fico feliz por ele ter sido barrado, mas realmente é uma infelicidade que haja essa censura por causa do poder econômico e das pessoas influentes. Seria mais adequado se as pessoas tivessem exposto sua ira contra a piada e assim ele tivesse saído do ar, porque ia ser simplesmente uma questão de gosto da audiência. Mas esse caso foi estranho mesmo... dessa vez terei que ficar em cima do muro. Pelo menos por enquanto.

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  2. Bom, primeiro: Ele fez a piadinha de MUITO mau-gosto com uma pessoa ligada com quem faz propaganda no programa (ou seja, não deixa de ser um investidor), quero ver se sou algum de nós faz isso no seu trabalho e continua lá.
    Existiu sim pessoas reclamando das contínuas "piadas" dele, vamos nos lembrar do dia das mães, ele escreveu: "Ae órfãos! Dia triste hoje, hein?"
    Ele é arrogante, não pediu desculpas depois de saber que as pessoas diretamente ligadas com a "piada" ficara ofendidas e parece que respondeu um e-mail da Folha com essa frase: "chupa o meu cacete grosso e vasiculado."
    Segue o link da notícia: http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/ninalemos/988815-rafinha-bastos-a-queda.shtml

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  3. Concordo com tudo que o Thiago falou. Nesse caso, não foi "mexeu com a pessoa errada", foi muito mais "mexeu com o chefe"(ou com o amigo do chefe). Afinal, patrocinadores são chefes também não é? Quem sustenta o programa afinal?
    E essa é a realidade. Você pagaria para alguem aparecer na TV falando coisas que te ofendem?
    Bom... Nem eu!

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  4. Assim, eu não gostei da piada, nem da última, nem das anteriores. Além disso não simpatizo com o jeito arrogante dele assim como vocês. Porém, a televisão existe para servir o povo, o governo concede licença para a existência dessas empresas, e portanto, o patrão das emissoras é o próprio povo (com esta licença, Hugo Chávez fechou legalmente a principal emissora de TV da Venezuela). Sendo assim, eu como parte desse povo que deve vigiar pela TV de qualidade, acredito que privar o artista, ou personagem de exprimir aquilo que ele ache conveniente ainda é um desrespeito ao direito fundamental de expressão independentemente da parte ofendida que também tem o direito fundamental da defesa da sua integridade moral pelas vias legais e não por via de influência política ou econômica.

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