Bullying - A Culpa para todos os males.

O Bullying é uma palavra oriunda do Inglês e que deriva do substantivo Bully que segundo FreeDictionary significa: 1. Uma pessoa que é habitualmente cruel ou autoritária, especialmente para pessoas menores ou mais fracas.

Você provavelmente já sabe o que é o bullying porque viu reportagens com especialistas das áreas de pedagogia e psicologia além, é claro, das histórias de pessoas que sofreram com esse "fenômeno". Aí chegamos ao ponto que gostaria de expor aqui. O bullying é definido como um fenômeno e que, novamente baseado no "pai dos burros", significa:

1. Tudo o que está sujeito à ação dos nossos sentidos ou nos impressiona de um modo qualquer (física ou moralmente).

2. Tudo o que na natureza é momentâneo e sucede poucas vezes.

3. Tudo o que é extraordinário, raro ou novo; coisa surpreendente.

4. Pessoa de dotes extraordinários.

5. Med. Fato; manifestação; sinal, sintomas

Portanto, segundo a definição de fenômeno, o bullying é algo que impressiona moralmente, só que a mídia e as pessoas em geral tem se prendido ao significado 2. algo raro ou novo, surpreendente. Porém, esse é um fenômeno que é tão antigo quanto a civilização. Não podemos esquecer que as bases culturais e sociais da civilização ocidental floreceram das raizes greco-latinas em que o culto à beleza, que persiste até hoje, nasceu. É claro que as circunstâncias atuais são diferentes das de 5000 anos, mas a sociedade moderna mantém práticas não-inclusivas com critérios superficiais para julgamento de caráter e capacidades que são herdadas pelas crianças e refletidas no modo como elas interagem nas escolas.

Assim, o bullying é algo que nos impressiona moralmente (mostrando que da Grécia até aqui nós evoluimos na maneira de pensar), mas não pode ser definido como recente. Porque as mídias têm dado atenção exagerada ao tema? Ela é tão necessária para um fenômeno que sempre existiu no cotidiano das pessoas e, principalmente, das crianças?

A palavra bullying não era conhecida pelos brasileiros há pouco mais de um ano. Desde então, o tema está em todos os veículos de comunicação e mídias de maneira intensiva. E como toda escalada tem seu ápice, o massacre no Realengo pode ser considerado a consequência mais cruel de toda essa enxurrada de informação. Até a semana anterior ao massacre, bombava na internet o vídeo do gordinho que deu o troco à agressão que sofreu e virou um herói anti-bullying.

A conclusão que cheguei é que o massacre de Realengo é produto de um rapaz psicologicamente instável e um ambiente pronto para glorificar quaisquer tipo de reação ao bullying. E assim está sendo feito. Falar em demasia sobre a história de Wellington Menezes de Oliveira é um risco enorme que se corre num país em que os pedagogos e educadores enfrentam problemas sérios de infra-estrutura e segurança que vão além daquilo para o qual eles foram preparados. Falar sobre a condição psico-social de Wellington pode despertar o mesmo sentimento que o guiou em pessoas que vivem a mesma condição. Imaginem alguém com estrutura familiar deficiente e condição psico-social deficiente(decorrente ou não de bullying). Esta pessoa verá na atitude de Wellington uma possibilidade de alcançar a atenção que nunca tivera, vingar-se das sociedade que exclui. Quem garante que Wellington não tenha se inspirado na reação anti-bullying causada pelo vídeo das semanas anteriores. 

E assim, se as coisas continuarem como estão é muito provável que se iniciará um ciclo que dará origem a muitos Wellingtons visto a facilidade de acesso a armas no Brasil, falta de segurança e acompanhamento psicologico nas escolas. O mais interessante é que o bullying também é um fenômeno cíclico em que o agressor em geral só exerce a agressão pois a sofrera no passado.