segunda-feira, 28 de março de 2011

Minha verdade

Primeiro, opinião. Segundo o dicionário Aurélio, "Modo de ver, pensar, deliberar". É o "achar". Eu acho tênis All Star descolado. Um amigo meu, acha gay.
O ponto é que é aceitável aceitar opiniões diferentes.
Já convicção, é uma "certeza adquirida", a pessoa acredita naquilo. É uma verdade pra ela.
E quando nos deparamos com verdades diferentes? Creio que muita gente ache absurdo isso. "Essa caneta é vermelha", "Essa caneta é azul". Se uma dessas frases for verdade, logo a outra não é, é mentira. Faz sentido.
Mas eu tenho convicção que existem verdades diferentes. Cada pessoa tem a sua. Geralmente num grupo de pessoas próximas, que já passaram por experiências juntas, a verdade de cada um costuma ser parecida com a dos outros.
O ponto aqui é que soa estranho verdades diferentes. Vejo muitas pessoas acharem isso um absurdo. É aí que isso fica problemático.
Isso fica claro nas diferentes religiões, os cristãos acreditam numa coisa, os islâmicos acreditam em outra. O que pode ser certo pra um, é totalmente errado pro outro, um absurdo! E vice-versa.
Um homem-bomba, para grande maioria das pessoas do Ocidente, é um cara muito mau, ele mata e fere inocentes. Mas para o povo dele, quem sabe, ele é um herói, que deu aos infiéis o que eles mereciam.
Esse é realmente um assunto delicado, tanto que eu tô demorando muito nesse texto.
Pra mim, essa divergência de verdades é o que causa tantas discussões, desentendimentos e por fim, guerras e mortes.
Também tenho convicção que o que influencia a verdade de cada um é a criação e educação que recebemos durante o crescimento. Voltando ao exemplo das canetas, e exagerando um pouco, se pegarmos dois bebês gêmeos e criamos um falando que uma caneta azul é azul mesmo e o outro falamos que a caneta azul é vermelha, e depois de anos o juntássemos de novo, e um deles pedisse ao outro uma caneta azul e recebesse uma vermelha no lugar, o primeiro iria achar o irmão louco. Ou daltônico, mas acho que vocês entenderam o que quero dizer. Espero.
Mas pensando bem, coisa parecida é o que acontece no mundo, não com canetas azuis, claro, mas com idéias.
Enfim, é dificílimo mudar uma verdade de uma pessoa. Pra maioria das pessoas do Ocidente, esses islâmicos fazendo tantas pessoas sofrerem merecem ir pro inferno dos cristãos, enquanto pra eles, quem deve ir pro "inferno" do islamismo são as pessoas daqui, que fazem o povo dele sofrer.
Desse jeito, um mundo perfeito só será possível quando as verdades de todas as pessoas forem no mínimo parecidas.
Mas a minha verdade é que um mundo melhor já é possível só das pessoas se respeitarem mais, não precisando concordar em tudo, mas respeitando a verdade dos outros. Talvez impondo novas verdades, mas sutilmente.

5 comentários:

  1. Achei legal esse post! Só um desafio, Dudu: escreva um post sem a palavra "descolado"... hehe.

    Se existem várias verdades, podemos dizer que não existe verdade, mas sim diferentes opiniões (já que para uma verdade ser de fato uma verdade, ela não pode ser contestada, deve ser certa, única).

    Até em uma mesma religião não há uma verdade, pois existem várias leituras e interpretações para o mesmo texto (ou os mesmos preceitos) - como nos casos dos muçulmanos xiitas e sunitas, os ortodoxos das várias religiões, etc.

    Sobre esse assunto, acho que é legal ler sobre os sofistas. Eu ainda não li muita coisa, então prefiro só dar a sugestão do que falar sobre eles...hehe. O pouco que eu sei, que vi em aula, é que eles eram grandes oradores e argumentadores, que iam para um determinado local, reuniam um número razoável de pessoas e começavam a discursar sobre um determinado tema, defendendo (muito bem) um ponto de vista. Quem estava ouvindo o discurso ficava empolgado com a explicação e, como ela era muito bem feita, concordava com esse ponto de vista.

    Depois, o mesmo orador defendia o ponto de vista contrário, também de uma forma consistente, com boa argumentação e tal... Aí os ouvintes novamente ficavam convencidos, mas agora pela segunda visão. Isso servia, entre outras coisas, para mostrar que não se pode produzir uma verdade absoluta, que a verdade - na verdade (hehe) - é um discurso.

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  2. Sobre as cores, eu sempre pensei nisso, não relacionado a essa parte de verdade, mas sim com relação ao daltonismo mesmo...

    Sempre imaginei dessa forma: Eu vejo a grama da cor laranja, mas desde que nasci me ensinaram que o laranja que eu vejo se chama verde, aí sempre que eu vejo algo laranja, digo que é verde.

    Você, por outro lado, vê a grama da cor azul, mas desde que nasceu, disseram que o seu azul se chama verde, aí você diz que a grama (azul para você) é verde.

    Dessa forma, nós veríamos duas coisas completamente diferentes, mas concordaríamos pela forma com que fomos ensinados...

    Provavelmente tem algum erro nesse pensamento, mas eu sempre achei interessante isso...hehe

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  3. Valeu!
    Foi difícil escrever esse texto, porque tudo isso é só uma idéia forte que eu tenho, mas considero verdade. E foi complicado colocar essa idéia em forma de texto, tentando deixar as coisas claras, fora que tá incompleto, ainda tem "buracos" a serem tapados nele.

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  4. Acho que você já está ciente deste texto, mas o que poderia te ajudar no esclarecimento de alguns 'buracos' pode ser o "Mito da Caverna" (ou "Alegoria da Caverna") de Platão.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna

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